5 de junho de 2012

Com a mão, tateio o muro gelado e molhado
Encosto o rosto na parede dura, feia, que por não aparecer, 
É inexistente
Sustentando qualquer coisa, que não sabe dela.
Colando meu corpo, nessa superfície fria e úmida
Sinto o meu coração parando por alguns instantes.


Toda a dor, todo vazio se vão
E só me resta a sensação de haver alguém ali
Além de meu corpo morto
De minha alma pesada
Mãos que seguram toda a minha dor por um momento
E a transforma em uma sensação boa, da qual não sei nomear.


Na rua movimentada, donde se pode ver o beco e ninguém vê
Mil pessoas andam, correm, e algumas pulam de 
Passos tão grandes,
Portando algumas roupas, que as deixam bonitas
Maquiadas de forma agradável
Com bolsas, pastas, mochilas.


Todos correndo atrás de um futuro
Onde a base seja de papel trocável.
Correndo pela sobrevivência
Ou pelos sentimentos bons que lhe consomem.
Superando as barreiras e contornando os problemas.
E vivendo.


Naquele beco, me encontro só
Com o vazio me acomodando em seus braços.
Não me sinto um peso para o resto de tudo
Sou apenas uma garota sem nada para dar e sem nada para receber.
Uma menina sem coração.


Dura, fria, inexistente.
Só respiro porque isso não posso controlar.
Mas, eu não vivo
Nenhuma vontade.
Nada para acrescentar a não ser mais dor.