20 de março de 2012

Um olhar para dentro e é o que me basta.
Descuidado por um instante
Perdido por hesitar e hesitando ficamos fadados a ser.
Não precisamos decidir, mas você irá
Porque os olhos estão em cima de você.


São milhares de olhos, e mesmo que eu não consiga ver
Você ainda estará se contorcendo na sua hesitação.
Não ousando nada, não cometendo acertos
E sim os erros que não precisa de esforços para realizar.


Preso nas grades da inconsciência, porque ela te quer ali
Ali aonde ela pode controlá-lo e ninguém poderá acessar você.
Aonde terminamos por ficarmos fadados a uma única vida.
Porque você temeu hesitar.


É a sua vergonha que te prende.
Por ter sorrido e dado gargalhada por querer rodar na avenida
Só que deixou que a felicidade e os risos se fossem porque
Olhariam para você
E não sabe como se livrar do peso que isso constitui.


Um olhar para dentro de você é o que me basta
Para ver quantas jaulas estão sobrecarregadas de emoções impedidas de serem sentidas,
De momentos imaginados que você nunca teve coragem
Para fazer por si mesmo.
Porque queria, só porque queria e porque te fazia sentir especial.
Jaulas carregadas de ousadia e cercadas por infinitos cadeados.
Correntes que se misturam aos vasos sanguíneos.


Você não precisava ser assim
Tão amargo, tão chato.
Parecendo um vegetal querendo ser um vegetal maior.
Porque você tem vergonha do que vão pensar
Quando sair na rua com as roupas descombinadas
E de quando vão te achar doente por dizer o que acredita,
Por rodar no meio da rua, ou até mesmo no corredor do ônibus vazio.


Você é preso porque você é o guarda da sua jaula.
Preso porque tem medo de perder o que nada tem.

13 de março de 2012

Ausência por Escolha

Algo no chão,
A mesa em um lugar diferente daquele que lembrava.
Alguém?
Será que havia alguém lá para lhe machucar?
Os pés doloridos, a maquiagem já incomodava agarrada na pele.
Cansaço, as roupas justas já faziam daquilo
Um castigo.
Alguém?
Ninguém, talvez não fosse nada e sim a memória fraca que tanto lhe ocorre.
Não havia ninguém ali, desde alguns meses atrás, depois daquele dia, ninguém mais havia.
Sabia que não era necessário perguntar porque nada haveria de responder,
Nem voz,
Nem barulho e nenhuma respiração.

Ausência, apenas havia ausência ali.
Talvez tivesse sido a ausência que tenha esbarrado na mesa, enquanto já estava encharcada
De álcool.
Tivesse deixado aquela coberta no sofá,
E aquela xícara jogada em cima do livro do Bandeira.
Aquele livro que levava à infância de uma menina que amava ler a "Droga do Amor"
E os Caras.
Era a ausência que havia chegado ali bêbada
Esbarrado na mesa.
Pego a coberta do quarto e se jogado no sofá enquanto alucinava.
Lembrando-se que precisava trabalhar deve ter ido fazer café
Na volta com a xícara não mão.
Parou na estante e pegou aquele livro
E ficou o resto do dia, sendo ela mesma.
Sendo sua ausência por escolha.

12 de março de 2012

Não é voltar atrás.
Retrocesso.
É curiosidade, por entender de porquê eu não.
Mas na verdade é burrice.

Ora, tu não.
Porque tu deve ser este não?
Não quero ser este não reprimido e com ideias que possam sugestionar algo.
Liberdade de viajar sem medo de explicar.

Não é retrocesso.
Não, é dor pra um processo novo.


5 de março de 2012

É uma Porta Escancarada

O mundo é uma porta aberta.
A vida é uma porta escancarada
Basicamente, todos olham por curiosidade
Alguns entram, outros não se interessam.

Escancarada demais, enganada demais
Quando muito aberta, muito fácil entrar e mudar as coisas de lugar.
Mudar os hábitos e horários.
A vida é uma porta escancarada
E acredito que particularmente eu, pequena mas eu mesma
Ache este fato curiosíssimo.

Não existe realmente nenhuma porta intransponível.
Sempre há um modo de invadir, mesmo que ninguém queira.
Esta é a coisa mais linda da vida, experimentar
Conhecer, adquirir, e ir ou ficar.

Porque não se pode fechar uma porta,
A vida não se fecha, ela pode se enganar
Mas fechar,
Na realidade, há pessoas que ainda necessitam entrar.

Quando o Desconhecido Vai Embora.

Quando alguém vai embora,
É estranho.
Porque sempre que alguém se vai fica um buraco muito grande em nosso corpo
Não importa os motivos e as circunstâncias.
Um buraco sempre se abre no peito quando alguém vai embora.


Quando um babaca vai embora,
Sentimos alívio, mas ainda sim fica um buraco.
A realidade é que, as pessoas se tornam parte de uma rotina
E temos o defeito de nos submeter ao que as pessoas querem,

A rotina.
Sentamos com elas, lemos e brigamos
Mas elas nos acomodam numa rotina que não temos inteligência suficiente
Pra  quebrar.



Quando alguém vai embora,
É estranho, pode ser muito triste quando se ama alguém que vai embora.
Mas o mais horrível é quando alguém vai embora,
E naquele instante

Tu percebe que realmente a pessoa que vai embora
Nem se apresentou.



Quando alguém que convivemos por um tempo
Vai embora, e em seu último momento ao nosso lado
Decide mostrar o que realmente é
Não se pode sofrer.



Porque tristemente não se consegue sofrer
Por alguém que não conhecemos.
Não da pra forçar.


Quando alguém vai embora,
Fica um buraco.
Mas quando um desconhecido vai embora
Só fica a cadeira vazia

E a cadeira pode ser novamente preenchida
Quando o calor passar.



Quando alguém que não conheço
E convivi acreditando conhecer,
Vai embora,

É realmente decepcionante!


Não saber o que se  passou, 
Nem saber se foi real.
Coisas mudam, certas coisas não.


Não é de se chorar
A ida de quem realmente nunca esteve

E sim é de se acostumar
Com a cadeira vazia.