9 de setembro de 2012

Somente o silêncio de meu coração.
Um silêncio sem compasso, sem ritmo e sem limites, sem proibições.
Silêncio de derrota e vitória.
E no fundo do peito, calado
O coração me dói loucamente
Dói como se mãos fortes e impiedosas o fizessem sofrer ao seus apertos tortuosos!
Dói, mas no fundo me tranquiliza, porque é a última dor neste momento,
Última dor deste caso, não haverá mais dores, ou mais coisas a serem ditas.

Tudo terminou.
O silêncio louco vem pra dizer isso
Que tudo terminou, que está tudo terminado, feito e acabado.
Sem surpresas.
Sem beijos, sem abraços ou sem fatos literários.
Apenas o nada!
Aquele nada realista demais, como o chão liso de cimento e duro que machuca.

Mas
Enfim houve sorrisos e mais sorrisos no caminho
E todos sabemos que coisas de livros sempre tem um fim.
Deve ter um fim pra se ter um começo.

15 de agosto de 2012

Inexistência

Há uma inexistência enorme em todos os caminhos que vejo.
Inexistência de vida, de coisas que flutuem quando o ar se choca contra seus corpos
De um ar que não machuque meus olhos, que não aperte meu pulmão.
De sorrisos e de amores nas ruas,
Mocidade e infantilidade não compartilhadas, nem convividas e por vezes, assustadoramente
Nem vividas.

Sequer pensando em morrer,
Correndo desesperadamente pra achar a saída, mas a todo custo tentando se manter íntegro
É necessária, somente, a integridade e a boa aparência para quando sair.
Poder, é uma busca frenética por poder!
Quanto mais posso, mais sou.
Quanto mais tenho, mais largo meu sorriso.

Retornando em caminhos tortos,
Casas tortas, sem cores, janelas tortas.
Crianças tortas, pessoas tortas.
Visão sinuosa da vida.
Nada mais pra se sorrir, nada mais pra se acreditar.

Sofro incansavelmente com a inexistência de tudo
Inexistência de sentir até a esperança 
Do cheiro de um amor que também
Inexiste.

5 de junho de 2012

Com a mão, tateio o muro gelado e molhado
Encosto o rosto na parede dura, feia, que por não aparecer, 
É inexistente
Sustentando qualquer coisa, que não sabe dela.
Colando meu corpo, nessa superfície fria e úmida
Sinto o meu coração parando por alguns instantes.


Toda a dor, todo vazio se vão
E só me resta a sensação de haver alguém ali
Além de meu corpo morto
De minha alma pesada
Mãos que seguram toda a minha dor por um momento
E a transforma em uma sensação boa, da qual não sei nomear.


Na rua movimentada, donde se pode ver o beco e ninguém vê
Mil pessoas andam, correm, e algumas pulam de 
Passos tão grandes,
Portando algumas roupas, que as deixam bonitas
Maquiadas de forma agradável
Com bolsas, pastas, mochilas.


Todos correndo atrás de um futuro
Onde a base seja de papel trocável.
Correndo pela sobrevivência
Ou pelos sentimentos bons que lhe consomem.
Superando as barreiras e contornando os problemas.
E vivendo.


Naquele beco, me encontro só
Com o vazio me acomodando em seus braços.
Não me sinto um peso para o resto de tudo
Sou apenas uma garota sem nada para dar e sem nada para receber.
Uma menina sem coração.


Dura, fria, inexistente.
Só respiro porque isso não posso controlar.
Mas, eu não vivo
Nenhuma vontade.
Nada para acrescentar a não ser mais dor.

20 de março de 2012

Um olhar para dentro e é o que me basta.
Descuidado por um instante
Perdido por hesitar e hesitando ficamos fadados a ser.
Não precisamos decidir, mas você irá
Porque os olhos estão em cima de você.


São milhares de olhos, e mesmo que eu não consiga ver
Você ainda estará se contorcendo na sua hesitação.
Não ousando nada, não cometendo acertos
E sim os erros que não precisa de esforços para realizar.


Preso nas grades da inconsciência, porque ela te quer ali
Ali aonde ela pode controlá-lo e ninguém poderá acessar você.
Aonde terminamos por ficarmos fadados a uma única vida.
Porque você temeu hesitar.


É a sua vergonha que te prende.
Por ter sorrido e dado gargalhada por querer rodar na avenida
Só que deixou que a felicidade e os risos se fossem porque
Olhariam para você
E não sabe como se livrar do peso que isso constitui.


Um olhar para dentro de você é o que me basta
Para ver quantas jaulas estão sobrecarregadas de emoções impedidas de serem sentidas,
De momentos imaginados que você nunca teve coragem
Para fazer por si mesmo.
Porque queria, só porque queria e porque te fazia sentir especial.
Jaulas carregadas de ousadia e cercadas por infinitos cadeados.
Correntes que se misturam aos vasos sanguíneos.


Você não precisava ser assim
Tão amargo, tão chato.
Parecendo um vegetal querendo ser um vegetal maior.
Porque você tem vergonha do que vão pensar
Quando sair na rua com as roupas descombinadas
E de quando vão te achar doente por dizer o que acredita,
Por rodar no meio da rua, ou até mesmo no corredor do ônibus vazio.


Você é preso porque você é o guarda da sua jaula.
Preso porque tem medo de perder o que nada tem.

13 de março de 2012

Ausência por Escolha

Algo no chão,
A mesa em um lugar diferente daquele que lembrava.
Alguém?
Será que havia alguém lá para lhe machucar?
Os pés doloridos, a maquiagem já incomodava agarrada na pele.
Cansaço, as roupas justas já faziam daquilo
Um castigo.
Alguém?
Ninguém, talvez não fosse nada e sim a memória fraca que tanto lhe ocorre.
Não havia ninguém ali, desde alguns meses atrás, depois daquele dia, ninguém mais havia.
Sabia que não era necessário perguntar porque nada haveria de responder,
Nem voz,
Nem barulho e nenhuma respiração.

Ausência, apenas havia ausência ali.
Talvez tivesse sido a ausência que tenha esbarrado na mesa, enquanto já estava encharcada
De álcool.
Tivesse deixado aquela coberta no sofá,
E aquela xícara jogada em cima do livro do Bandeira.
Aquele livro que levava à infância de uma menina que amava ler a "Droga do Amor"
E os Caras.
Era a ausência que havia chegado ali bêbada
Esbarrado na mesa.
Pego a coberta do quarto e se jogado no sofá enquanto alucinava.
Lembrando-se que precisava trabalhar deve ter ido fazer café
Na volta com a xícara não mão.
Parou na estante e pegou aquele livro
E ficou o resto do dia, sendo ela mesma.
Sendo sua ausência por escolha.