7 de janeiro de 2011

Ônibus

Anda, e pas
Anda, e passa pela janela suja,
Ruas, prédios, lojas,
Farmácias, cemitérios,
Mais cemitérios.

Bocas insaciáveis
Para contar o feito da vizinha ou do amante.
Olhos loucos, perturbados?
Procurando algo que se possa pousar o olhar sem assustar.

Corpos frenéticos
Dançando ao barulho deste automóvel
Pedaços de carnes indo ao frigorífico.
Suados, sujos, cansados, maltratados.

Cabeças, inquietas.
Cabeças caindo de um lado pro outro
Outras batendo em outras cabeças.
Cabeças pensantes, cabeças estupidamente pensantes.

Mãos, erguidas, firmando-se.
Medo, medo.
Ninguém quer cair,
Ficar lá fora no escuro dá medo.

E minhas mãos e meu corpo
Tão fracos e estranhos,
Só pede, pede,
Por menos sufoco.

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