21 de maio de 2011

 Por um momento eu me deixo estar nua, sentir na carne o sol incandescente queimando toda a derme, os olhos submissos à escuridão, à fraqueza perante de um aluz maior que poderá esquentar corações mortos e gélidos. Por este momento eu me despeço de todas as palavras e não faço uso de toques ou olhares dirigidos a nada, eu não necessito me guiar nesta infame claridade, meu coração não continua dividido mas sim há feridas visíveis em meu seio e eu não temo os olhares estranhos e enojados a elas.
 A cada passo neste momento, me perco no futuro e desencaminho-me do passado, sinto ainda em meu corpo as marcas de uma guerra travada com os monstros de minha mente. 
  
  Em minha nudeza, sinto apenas o frio deste infame sol.

10 de maio de 2011

Desejo inerte de sentir novo calor.
Profunda angústia de sentir-se tão cheio e tão só.
Deter tanta cultura e sabedoria em rugas
Para com as paredes compartilhar.


Lucidez que já te engana
Mostrando que as paredes tomam formas
E cobram de ti a nova paga.


Jornais que se mostram a ti
Com bocas sedentas por fome de ausência de libertinagem.
Comendo e roendo as bordas de tua ignorância,
Cala-te diante de algo maior e mórbido.


Chora os ninhos de pavor que tuas crias contam.
Usufrua de tanto poder
Mas e por que isto?
Afinal, para que devo assim vestir-me?


Não indagas, pois o jornal
Haverá de ouvir-te mesmo em pensamento
E novamente arreganhará tua boca de falsas letras
Partindo para sua mente liberta de grades!


Luta! Luta!
Não deixes aprisionar-te em tua própria casa!
Não faça o que mandem!
Não deixe que te enquadrem!
Novamente..!


Enjaulado
Mostramos a nossa melhor espécie:
o Ignorante.