30 de julho de 2011

A Senhora Viúva

Com o respeito admirado e adornado,
Vejo a modesta dama com tua roupa larga e de uma cor suave
Desfilando com o passo sucinto.
Saudando com poucas e secas palavras,
Limitando-se a um sorriso opaco e duro.

Minha senhora de tantos modos não se importa
Com as crianças que na rua estão brincando e chorando.
Velhos, animais, são todos de um respeito
E de indiferença.
Não há nada de brilhante nas vidas que suspiram.

Homens e mulheres, para a senhora são os mesmos.
Beleza não lhe importa ou não é atributo a se considerar,
Embora ela seja de uma beleza tão linda como a noite.
Atributos a que se interessa são os olhares que todos jogaram fora,
Caráteres que ninguém quis obter, 
Saudações consideradas inapropriadas
São todas dignas de minha grande senhora.

Ela seca procura os que não voltaram
A ver o Sol por questão de opinião.
Dizem ser de um gosto inconveniente aquela senhora.
Não se sabe do passado da singular figura.
E poucos dizem coisas boas de seu falecido
E os muitos dizem repugnâncias ao respeito do defunto que tão cedo morreu.

As vezes penso ter dó de minha senhora,
Mas quando a vejo tomando seu vinho de frente a lareira
Enquanto acaricia a cabeça daquele grande animal feroz,
Com a expressão tão gélida como os gelos que se formam
Nos lugares mais frios e inabitáveis deste globo
Que nem o fogo pode por um instante derreter,
Já me foge a lembrança de um tempo ter tido dó dela.

Minha senhora anda com passos médios,
Elegantemente rápidos
Nas ruas pavorosas da noite.
Tão mal falada
E tão invejada.

Apenas minha senhora viúva de bons modos e respeitos.

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